Reconstrução estratégica: relatório aponta oportunidades para o hidrogênio na nova economia da Ucrânia
- REDAÇÃO H2RADAR
- 15 de abr.
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A guerra em larga escala desencadeada pela Rússia devastou o setor energético da Ucrânia. O país, que antes da invasão operava com amplo excedente de energia elétrica, enfrenta em 2024 um cenário de déficit estrutural no fornecimento. Ataques sistemáticos às infraestruturas críticas deslocaram o foco da política energética nacional para segurança, resiliência e independência estratégica. Nesse contexto, o hidrogênio — cuja demanda para usos convencionais em refino e produção de amônia caiu 80%, devido à destruição dos polos industriais do sul do país — ressurge como vetor de reconstrução e modernização.
O relatório mais recente sobre Oportunidades do Hidrogênio na Ucrânia defende que a reconstrução do sistema energético deve ir além da reposição de ativos. Trata-se de uma chance ímpar para "reconstruir melhor", ou seja, investir em uma matriz mais limpa, descentralizada e resiliente. Nesse esforço, o hidrogênio de baixa emissão se apresenta como tecnologia-chave, não apenas por sua capacidade de descarbonização, mas por abrir caminhos para o surgimento de uma nova base industrial voltada à exportação, que pode reequilibrar a balança fiscal ucraniana a médio e longo prazo.
Roteiro estratégico: quatro pilares e três horizontes para a transição com hidrogênio
O estudo delineia um plano de ação estruturado em quatro pilares essenciais para viabilizar a transição energética com base no hidrogênio: infraestrutura física, arcabouço regulatório, financiamento e áreas transversais. Esses elementos se articulam em três horizontes de tempo — de 2 a 20 anos — que visam garantir não apenas a reconstrução imediata, mas a formação progressiva de competências, cadeias de suprimento e mercados integrados.
O primeiro pilar, voltado aos ativos físicos, propõe a modernização de instalações industriais, a criação de hubs de hidrogênio e a conexão com infraestrutura europeia. No campo regulatório, o foco está em harmonizar normas com padrões da UE, acelerar licenciamentos e criar mecanismos de garantia de origem para o hidrogênio renovável. Já no eixo financeiro, o relatório destaca a necessidade de modelos híbridos de financiamento, com participação multilateral, garantias públicas e atração de capital privado. Por fim, áreas transversais como educação técnica, pesquisa aplicada e diplomacia energética são vistas como alicerces para sustentar uma indústria de hidrogênio robusta.
O documento reconhece que essa transição não será imediata, mas argumenta que os primeiros passos devem ser dados agora, mesmo sob a sombra da guerra, para que a Ucrânia esteja preparada para liderar, no futuro, um novo capítulo da economia verde europeia. Em tempos de reconstrução, o hidrogênio surge não apenas como vetor energético, mas como símbolo de uma Ucrânia resiliente, integrada e ambientalmente estratégica.