Potencialidades do hidrogênio de baixa emissão e lacunas na implementação
- REDAÇÃO H2RADAR
- 17 de mar.
- 2 min de leitura

O hidrogênio de baixa emissão de carbono tem sido amplamente considerado um elemento-chave para a descarbonização global, especialmente em setores de difícil eletrificação, como a indústria pesada e o transporte de longa distância. No entanto, apesar do crescente entusiasmo em torno de sua implementação, a realidade do setor apresenta desafios significativos. O alto custo de produção, os riscos associados ao investimento e a deficiência de infraestrutura são alguns dos principais entraves que dificultam a concretização das metas estabelecidas.
Nos últimos anos, observa-se uma expressiva ampliação na ambição dos projetos de hidrogênio verde. Entre 2020 e 2023, o pipeline de projetos anunciados triplicou, alcançando 422 GW de capacidade prevista para 2030. No entanto, a taxa de implementação dessas iniciativas continua baixa. Um estudo que acompanhou 190 projetos ao longo de três anos revelou que apenas 7% das instalações planejadas foram concluídas dentro do cronograma em 2023, evidenciando uma lacuna crítica entre intenção e execução.
O desafio do financiamento e a necessidade de políticas públicas eficazes
A discrepância entre a ambição e a implementação do hidrogênio de baixa emissão também se reflete nos desafios financeiros. A estimativa é que, sem um mecanismo de precificação de carbono, a materialização total dos projetos anunciados demandaria subsídios globais na ordem de US$ 1,3 trilhão, podendo variar entre US$ 0,8 trilhão e US$ 2,6 trilhões. Esse montante supera amplamente os incentivos anunciados até o momento, sinalizando a necessidade de políticas públicas mais robustas e mecanismos financeiros inovadores para viabilizar os investimentos.
Além disso, a escassez prolongada de hidrogênio renovável é um risco real se os desafios de implementação não forem endereçados de forma estratégica. Diante desse cenário, os formuladores de políticas devem direcionar os incentivos para aplicações em que o hidrogênio é verdadeiramente indispensável, garantindo que os investimentos sejam alocados de maneira eficiente. Somente com uma abordagem estruturada, que alie apoio governamental, financiamento adequado e colaboração entre os setores público e privado, o hidrogênio verde poderá cumprir seu papel na transição para uma economia de baixo carbono.