Estudo projeta viabilidade da produção de hidrogênio sustentável na região nordeste
- REDAÇÃO H2RADAR
- há 5 dias
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Em um cenário global cada vez mais pressionado por compromissos de descarbonização, a busca por soluções sustentáveis tem elevado o hidrogênio sustentável ao status de vetor estratégico na transição energética. Um estudo de caso inédito conduzido na cidade de Irecê, Bahia, lança luz sobre a viabilidade técnica da produção de hidrogênio a partir de energia solar fotovoltaica combinada com sistemas de armazenamento por baterias — uma abordagem que pode redefinir o papel do semiárido brasileiro no mapa energético internacional.
Com base em dados abertos e modelagens avançadas, a pesquisa investigou o desempenho de uma usina fotovoltaica local, cujos níveis de irradiação solar horizontal global superam 5,5 kWh/m² ao dia, atingindo 6,47 kWh/m² durante a estação seca. Essa intensidade solar, típica do clima tropical semiárido da região, cria condições ideais para a eletrólise da água — processo que separa o hidrogênio do oxigênio utilizando eletricidade.
O estudo demonstrou que a central fotovoltaica analisada tem capacidade para gerar aproximadamente 16.682 kWh anuais, o que permite alimentar um eletrolisador de 2,5 kW, responsável por produzir cerca de 130 kg de hidrogênio por ano. A configuração ideal inclui um tanque com capacidade de armazenamento de 4 kg de H₂, revelando uma escala promissora para projetos-piloto e aplicações industriais localizadas.

O papel decisivo do armazenamento por baterias
Um dos aspectos mais relevantes revelados pela análise é o papel estratégico do sistema de baterias na viabilidade operacional da planta. No modelo proposto, a energia solar gerada é canalizada para uma rede de corrente contínua (CC), priorizando a eficiência do eletrolisador — um equipamento notoriamente sensível a flutuações de tensão. No ambiente de Irecê, tais oscilações são frequentes e poderiam comprometer o desempenho ou até provocar desligamentos indesejados do sistema de eletrólise.
Assim, o armazenamento por baterias não é apenas um acessório tecnológico, mas um elemento estrutural para garantir a estabilidade energética, suavizar picos de carga e assegurar a continuidade da produção de hidrogênio. A simulação demonstrou que o dimensionamento técnico por meio de cálculos analíticos e softwares especializados reduz a margem de erro para menos de 10%, validando a metodologia aplicada.
Essa pesquisa reforça o papel do conhecimento técnico aplicado na formulação de políticas públicas e no desenho de empreendimentos sustentáveis, em um momento em que o Brasil precisa transformar sua vocação energética natural em liderança tecnológica no cenário global.